sexta-feira, 23 de abril de 2010

O que torna um texto interessante, desinteressante e enigmático.

O que torna um texto interessante, desinteressante e enigmático

Por: Denylson Douglas de Lima Cardoso


RESUMO: O pequeno texto versa sobre a perspectiva de entender dentro de determinados contextos a pluralidade de intertextualizar um texto, não se preocupa em fazer uma analise concreta, mas, em buscar compreensões para se estabelecer uma relação entre o leitor e o escritor.

Palavras chaves – texto-leitor- escritor- criação- relação.

ABSTRACT: This small text deals with the perspective of understanding within certain contexts intertextualize a plurality of text, do not bother to make a concrete analysis, but to seek understanding to establish a relationship between reader and writer.

Keywords - text-reader-writer-creation- relation.

A capacidade de relação. O que torna um texto interessante não é o seu conteúdo e tampouco a forma como os conteúdos são tratados, o que torna um texto interessante é a capacidade de estabelecermos relação com ele, a relação propicia uma abertura e fruição ao mundo de possibilidades infinitas, nos leva para um mundo que não é nosso e que por isso, é uma abertura. O que me afeta? Como estabeleço uma construção e desconstrução de pensamento? Tudo isto se faz se o texto trás consigo um sentido para o seu leitor, uma possibilidade de significar e re-significar a sua relação enquanto ser que pensa e, sobretudo que vive e compartilha as possibilidades do mundo.
Quando vamos ao texto, ele deve estabelecer, ou melhor, inaugurar uma relação intima com o leitor e esta relação certamente não se faz pela forma que foram estruturadas as idéias, pela eloqüência do narrador, nem por sua paixão em narrar, mas, sobretudo, na capacidade do leitor considerar o texto significativo, interessante e que possibilitará uma nova ótica sobre o mundo e sobre um determinado assunto. Quando afirmo que o texto interessante possibilita um afeto entre o leitor e o escritor, este afeto se da justamente na necessidade de significação do texto principalmente pelo leitor, o escritor, embora necessite, não busca uma compreensão de todos do que dele é lido, simplesmente o faz, e faz pela necessidade de criar e compartilhar idéias, uma necessidade que é propriamente humana, pois participa da dinamicidade da vida em seus mais variados contextos.

Contrariamente o desinteresse do leitor pelo texto se dá na mesma via, quando o texto não me afeta, não contribui para esta desconstrução de idéias e não há uma identificação entre o leitor e o escritor, quando torna- se apenas um texto (algo escrito). Quem escreve, escreve para alguém que o lê, mas quem é este alguém? Há em alguns casos uma insensatez daquele que escreve e em outros daqueles que não lêem, esta insensatez no primeiro caso é formada pela racionalidade sistêmica da organização das idéias dentro de uma lingüística apurada e auto- explicativa, no segundo caso pelo desdém de um simples texto não contribuir para sua vida ou pela preguiça e preconceito em relação ao texto. Há ainda outro ponto sumamente relevante sobre a incapacidade de compreensão dos textos, capacidade árdua e demorada, quando o sujeito que lê, não o faz por motivos maiores. O que torna também um texto desinteressante é a nossa capacidade de não pensarmos na possibilidade de criarmos um mecanismo de introdução aos textos. O brasileiro pouco lê, pouco organiza suas idéias (mesmo sendo criativo), mas o que leva a falta de interesse pela leitura? O que leva o paternalismo pragmático positivista de uma nação que pouco incentiva a produção teórica, pouco incentiva a cultura e a pesquisa, mas fornece ao grande público achismos e apatia política no seu horário nobre.

O que torna o texto tão enigmático é a capacidade de estabelecermos paralelos entre seu contexto, como pensar Hegel sem pensarmos a revolução francesa? Como pensar a fundamentação da metafísica dos costumes de Kant sem levarmos em conta todas as questões do iluminismo, mas antes de qualquer contextualidade, indagarmo-nos; o que o texto nos fala? Como podemos pensar dialogicamente com o autor, em um contexto totalmente diferente? O que é o homem, não o grego, mas pensarmos o que é o homem latino- americano brasileiro no nosso século e chagarmos a conclusões parecidas com as dos gregos, mas diferentes por suas singularidades e contextualidade daqueles que perguntam.